ENTENDENDO A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL – RISCOS E BENEFÍCIOS
A tecnologia está avançando muito rápido, e sendo adotada de modo tão imediato, que nos deixa muito pouco tempo para adaptação. Mais que nunca, é necessário compreendermos as novidades que surgem.
A assim chamada Inteligência Artificial (IA) já está sendo utilizada nas mais diversas aplicações. Seu potencial é enorme, e sua influência na vida moderna e futura será inegável e inevitável. Por essa razão, vamos nos desviar um pouco dos nossos assuntos usuais, e tentar desvendar essa estranha novidade que parece ser, ao mesmo tempo, fascinante e preocupante.
O que é “inteligência artificial”?
Tecnicamente, “Inteligência Artificial” pode ser definida como o ramo da ciência da computação que busca a simulação de comportamento inteligente em um ambiente computacional. Trata-se de uma área multifacetada e interdisciplinar que revolve em torno do desenvolvimento de meios para que uma máquina possa literalmente tornar-se, por assim dizer, “capaz de aprender”, e assim ser capaz de realizar tarefas que antes seriam impossíveis.
A Inteligência Artificial é um conceito amplo, o qual inclui o “machine larning” e o “deep learning” [1] como seus recursos. Esses termos, e outros como “algoritmos”, “computer vision”, “neural network”, “object recognition”, “big data”, “big tech” etc. passaram a conviver conosco diariamente.
Muitas empresas e pesquisadores estão se dedicando ao desenvolvimento e aprimoramento dessa nova tecnologia. Devido a própria novidade que representa, podemos encontrar uma grande quantidade de opiniões e dados completamente divergentes entre si.
Uns indicam a Inteligência Artificial como um dos maiores avanços na história da Humanidade, capaz mesmo de aprimorar nossa existência para um patamar superior, imaginado apenas em sonhos e livros de ficção científica. Outros acreditam que estaríamos abrindo novamente a “Caixa de Pandora”, e deixando escapar um mal que determinará, muito provavelmente, o fim da existência humana como conhecemos.
Decerto, muito da opinião pública sobre o assunto está influenciada por livros e filmes de ficção, que mostraram um futuro apocalíptico causado pelo uso da Inteligência Artificial. Dentre eles, o mais famoso, sem dúvida, é a série “The Terminator”,[2] que já rendeu muitos filmes, alguns de duvidosa qualidade, diga-se de passagem. Porém, embora seja uma grande geradora de entretenimento, a indústria de Hollywood não é exatamente a melhor fonte para pesquisa sociológica, econômica ou histórica. Temos que desmistificar esse novo engenho humano.
Na verdade, Inteligência Artificial é um grupo de tecnologias diversas que, quando aplicadas em seu conjunto, permitem a um computador que emule a inteligência humana, apreendendo fatos, comportamentos, imagens, sons e todas as formas de dados em geral, de modo que lhe permita adaptar-se às situações que se apresentam, bem como compreender e resolver problemas que eventualmente surjam.
Dotado de Inteligência Artificial, o computador não precisa mais ser “programado”. Ao contrário, uma vez iniciado o processo, a máquina aprenderá por si mesma.
Para o ser humano, toda essa sequência de atos é inata, e sequer pensamos muito nela. Porém, para uma máquina se trata de um salto astronômico. Para tanto foi necessário desenvolver o que se conhece como “rede neural” (neural network). A “planta básica” ainda é a própria mente humana, porém muito mais simplificada: ao invés de neurônios, toda Inteligência Artificial possui “nódulos”. Esses “nódulos” apreendem cada nova informação ou dados (data) a que são expostos, e a reconhecem, se eventualmente repetida
“Informação” ou “dados” aqui significam literalmente qualquer coisa que seja capturada, compartilhada e analisada, podendo ser escrita, sonora, visual, ou qualquer outra forma que permita o compartilhamento. Por intermédio desses “dados”, o computador pode reconhecer “padrões”, formando assim uma ponte entre o caótico universo das informações e o universo ordenado das equações e algoritmos. A esse processo de reconhecer padrões em dados, dá-se o nome de “machine learning”.
Vejamos um exemplo: quando uma imagem de uma “bicicleta” é fornecida, a Inteligência Artificial busca rapidamente em seus bancos de dados um “padrão” que se identifique o mais possível com a imagem mostrada, para então associar aquela imagem ao dado “bicicleta”, e daí em diante. Assim, a Inteligência Artificial na verdade, “copia” os processos mentais humanos. Não se trata de uma “inteligência que tudo saiba”, ou que “tudo possa”. Ao contrário, a Inteligência Artificial tem que aprender absolutamente tudo, pois sequer conta com a vantagem dos instintos e das informações gravadas em nossos genes pelos milhões de anos de evolução. Nesse passo, ela é mais limitada que um bebê.
Toda Inteligência Artificial faz muito bem aquilo que pedimos que ela faça, mas ela é incapaz de “querer” fazer alguma coisa, per si. A moderna Inteligência Artificial pode, por exemplo, reconhecer a face de uma pessoa em uma imagem, mas ela não consegue conceber o que “é” uma pessoa. O que se faz atualmente é indicar um “objetivo” para a Inteligência Artificial, a qual tentará, por meio de pesquisa em bancos de dados e também por “tentativa e erro”, conseguir chegar ao objetivo. Não existe realmente um “processo de raciocínio”. Não se trata de uma inteligência autorreconhecível e autoconsciente, como a humana.
Essas afirmações são verazes, porém não são imutáveis. Devemos sempre ressalvar um fato deveras esquecido pelos seus defensores: a Inteligência Artificial não tem “limites” físicos ou biológicos. Teoricamente, a apreensão e aprendizado, diferentemente do ser humano, não tem limitações senão o tamanho e variedade dos bancos de dados, o espaço de armazenagem e a qualidade dos equipamentos. Esse é um problema que não pode nunca ser esquecido, pois que significa, talvez, o maior “risco potencial” da Inteligência Artificial.
A cooperação entre os Humanos foi a força por trás da construção de nossa própria Sociedade. Porém, a Sociedade também só foi possível pela interação criativa entre humanos e ferramentas. O que era o primeiro “arado”, senão uma ferramenta? E o primeiro “arco e flexa”? Ou a primeira “sela”? A cooperação entre Humanos e “ferramentas inteligentes” poderá definir uma nova etapa na nossa própria História.
O objetivo da Inteligência Artificial, finalmente, é permitir uma maior identificação, colaboração, criatividade e interação entre o homem e suas ferramentas. Ou pelo menos é o que se pretende.
E quanto ao futuro? Devemos nos preocupar com a rapidez das mudanças? Quais os benefícios concretos da Inteligência Artificial? Existem riscos pela maximização do seu uso? É o que vamos investigar a seguir.
Quais as vantagens da “inteligência artificial”?
Já estamos aplicando Inteligência Artificial em diversas áreas, com enormes vantagens e benefícios.
No campo das próteses, por exemplo, a Inteligência Artificial pode substituir membros amputados ou perdidos, com enorme perfeição, concedendo uma capacidade e sensibilidade antes impossível.[3] Já está em teste a “e-skin”, uma espécie de “pele eletrônica” capaz de transmitir sensações como tato e temperatura.[4]
No campo da medicina, a Inteligência Artificial é capaz de identificar doenças com maior certeza e rapidez que o mais treinado dos médicos. Também existe a possibilidade de realização de tratamentos, diagnósticos e até cirurgias por meios remotos, com a Inteligência Artificial operando braços robotizados que não incrivelmente mais precisos, e incapazes de erro motivado por movimentos impensados. Hoje, na Universidade de Stanford, já existem pesquisas com Inteligência Artificial capazes de efetuar diagnósticos médicos com mais de 95% de precisão.[5]
No campo da segurança, a Inteligência Artificial pode identificar faces de pessoas procuradas pela polícia, ainda que estejam no meio de uma multidão.[6] Também é possível efetuar a vigilância de áreas inteiras de uma cidade, e identificar eventos ou padrões de eventos, imediatamente comunicados às autoridades.
Robôs dotados de inteligência artificial já estão sendo utilizados nos cuidados com idosos, com excelentes resultados.[7]
Os transportes de carga também podem se beneficiar muito com a Inteligência Artificial. Caminhões automatizados, capazes de transportar mercadorias dia e noite, sem necessidade de paradas, poderão baratear os custos e otimizar o fornecimento de mercadorias.[8]
Na opinião dos experts, contudo, o maior benefício que poderá advir da Inteligência Artificial é, sem dúvida, o aumento da capacidade criativa.
Deixe-nos contar uma história: em março de 2016 foi realizado um teste na Coréia do Sul. Basicamente, colocou-se frente a frente, de um lado o cidadão sul-coreano Lee Sedol, campeão do antigo jogo chinês Go[9], e um computador dotado de Inteligência Artificial, chamado AlphaGo, desenvolvido pelo Google Deep Mind.
Foram efetuadas cinco partidas. Destas, apenas uma foi ganha pelo jogador Lee Sedol. Todas as demais foram ganhas pelo computador.[10]
O mais fantástico, contudo, é que, já no segundo jogo, passados uma hora e trinta e oito minutos, o computador AlphaGo efetuou uma jogada totalmente inédita, e impensada por qualquer ser humano, nos últimos 2500 anos de existência do jogo!
Em outras palavras, mesmo depois de milhares de anos, e provavelmente bilhões de partidas e de jogadores, a Inteligência Artificial do AlphaGo criou um novo movimento, que nós, seres humanos, nunca sequer cogitamos!
Realmente, o AlphaGo era muito diferente em comparação aos programas anteriores, pois não utiliza “fórmulas de probabilidades”, como os antigos programas de xadrez. Ao contrário, utilizava redes neurais (neural networks) para acessar e analisar todas as informações existentes sobre o jogo, todas as partidas, jogadores, e literatura sobre o assunto. Com todo esse cabedal, o AlphaGo se tornou independente de seus criadores, e criou ele mesmo o caminho inédito para a vitória no jogo. O jogador Lee Sedol posteriormente afirmou, inclusive, que o AlphaGo era “uma entidade que não podia ser derrotada”.[11]
O fato é que a Inteligência Artificial provou que podia lidar com uma gigantesca quantidade de informações, muito além de qualquer ser humano, e utilizar esses dados para ensinar a si mesma, e com isso, surgir com uma solução nunca antes imaginada.
Posteriormente, em 2017, o mesmo Alphago derrotou o campeão chinês Ke Jie. [12]
As implicações desse fato são monumentais! A Inteligência Artificial pode nos levar a imaginar meios, caminhos e alternativas que nunca foram cogitadas antes! Podemos, em teoria, surgir com uma solução inédita para o aquecimento global, ou para a geração de energia, ou ainda para os problemas de urbanização vivenciados por todas as grandes cidades. As possibilidades são infinitas!
Nesse ponto, a Inteligência Artificial se apresenta, potencialmente, como a maior de todas as ferramentas inventadas pela Humanidade! Aquela que seria capaz de trazer soluções efetivas e viáveis para diversos problemas que assolam nossa Sociedade desde tempos imemoriais, e que resistiram a todas as tentativas de solução pelas vias política, econômica, filosófica e até religiosa!
Porém, se por um lado a Inteligência Artificial tem o potencial de levar a Humanidade para uma era de prosperidade jamais vivida, por outro, ela também pode nos levar para uma era de desigualdade extrema, de vigilância absoluta e de controle das vidas privadas como nunca antes conhecida. Vejamos.
Quais os riscos potenciais da “inteligência artificial” ?
Atualmente, a China é um dos principais líderes mundiais em Inteligência Artificial. O cidadão chinês moderno já está acostumado a lidar com as facilidades criadas por essa nova ferramenta: lojas sem caixas, pagamentos por reconhecimento facial, segurança pública totalmente informatizada, sistemas de “créditos sociais” por comportamento, etc. Nenhum país se moveu tão rapidamente. A China possui hoje mais de 20 “unicórnios”[13] na área de Inteligência Artificial. Sua liderança é incontestável. Seus produtos e serviços invadiram todo o mundo, e todos dependem de seu mercado de modo tão flagrante que ousamos dizer que se hoje a China der um “espirro”, o mundo inteiro vai para o CTI.
No mesmo sentido, a Inteligência Artificial também consolida o domínio e as manipulação dos dados privados pelas Big Techs,[14] por todo o mundo, a ponto de atraírem a atenção de normas antimonopólio.[15]
Pois bem. Primeiramente, na China, a Inteligência Artificial já está sendo utilizada para controle social. Basicamente, câmeras espalhadas por todos os lugares reconhecem as faces de pessoas que, por exemplo, joguem lixo na rua, ou então atravessem um cruzamento quando não deviam. O sistema não só as reconhece, como expõe suas faces em “telas” colocadas nas ruas, e indicam os atos “antissociais” que praticaram. Foi criado um sistema de “créditos sociais”, que podem levar a recompensas (p.ex. descontos em compras), ou punições (p. ex. proibição e utilização e determinado modo de transporte público).[16]
Já foram lançados “banheiros inteligentes”[17], “brinquedos inteligentes”[18] e até “medidores de fertilidade feminina”[19] inteligentes, todos podendo simular a interação humana e com acesso à Internet.
Porém, é sabido que todos os dispositivos conectados (computadores, I-pad, laptop, smartphone, etc.) estão coletando e armazenando dados pessoais e confidenciais dos seus titulares, maiores ou menores, homens ou mulheres, tais como mensagens de áudio, nome, idade, fotografias, vídeos, residência, padrão de vida, conta bancária, preferências e comportamentos em geral, deixando todos, mesmo que voluntariamente, em situação de grande vulnerabilidade. Afinal, todos esses dados podem ser controlados à distância por terceiros, bem como constantemente manipulados pelos algoritmos.
Alguns são capazes de visualizar “benefícios” nesse sistema, como a diminuição e infrações de trânsito, e a melhor conservação do ambiente urbano. Infelizmente, essa situação mais nos lembra a perfeita tradução concreta do pesadelo imaginado por George Orwell, no romance “1984”: the Big Brother is watching you!
Trata-se não mais que uma forma de “comunização” do ser humano; de coerção como principal sistema de controle social. Um tipo de “mal” diáfano que se traveste em “organização para o progresso”, como alertou Zygmunt Bauman.[20]
A Inteligência Artificial, nesse momento, se transforma em ferramenta de controle, de opressão, de “patrulhamento ideológico”, de censura de qualquer tipo de pensamento ou atitudes. De criação de uma geração robotizada, sem moral, sem personalidade, sem reflexões interiores, sem julgamento e sem valores próprios.
Continuemos.
No campo do trabalho, segundo a opinião de uma das maiores autoridades em Inteligência Artificial, o empreendedor e desenvolvedor Kay-Fu Lee, entre 40 a 50% das profissões tradicionais serão transformadas ou eliminadas pela Inteligência Artificial nos próximos 15 anos.[21]
Com efeito, a Inteligência Artificial poderá substituir – e com amplas vantagens – todos aqueles trabalhos que dependem apenas de quantidade e organização de informações, como vendas, aplicações financeiras, contabilidade, economia, etc.
A Inteligência Artificial também substituirá sistemas “humanos” de segurança, como vigilantes, guardas, etc. No mesmo sentido, motoristas de cargas em breve serão substituídos por veículos autônomos. Com efeito, as estradas – diferente das ruas de uma cidade – são um ambiente muito mais propício para a utilização de Inteligência Artificial na condução de veículos de carga. Outras profissões, como nas áreas de finanças, jornalismo, investimentos, etc. também são extremamente propicias a substituição por Inteligência Artificial.
O maior impacto da Inteligência Artificial, sem dúvida, se dará naqueles trabalhos que não exigem sequer a presença humana, como compra e venda de produtos, produção em linha de montagem, e atividades repetitivas em geral.
O já citado Kay-Fu Lee entende que aqueles trabalhos que dependem apenas de processos puramente quantitativos, serão os primeiros a serem substituídos. De outro lado, os trabalhos manuais que dependem de grande coordenação e destreza tendem a ser mais dificilmente substituídos.[22]
Outrossim, o velho argumento de que a nova tecnologia “criará empregos” não convence mais ninguém. Ao contrário, a Inteligência Artificial é mais eficiente, e mais barata que qualquer trabalhador humano. Um “programador” pode programar 1.000 robôs, que farão o trabalho de 100.000 empregados, laborando 24×7 e sem possibilidade de greves, sem necessidade de salários, sem sindicatos, sem doenças, etc.
Os pregadores da “modernidade” reafirmam que devemos todos “acreditar na tecnologia”, repetindo uma espécie de “mantra”. Afinal, desde a década de 1920, a tecnologia realmente trouxe enormes vantagens para a Humanidade. Seria o caso de continuar “acreditando” que as tecnologias trarão sempre mais benefícios?
Decerto, em toda a História sempre tivemos momentos de impacto no trabalho humano causado pelas novas tecnologias. Assim foi na introdução da máquina a vapor, ao final do século XVIII. O mesmo ocorreu mais recentemente, na segunda metade do século XX, com a criação dos computadores. Profissões antes clássicas se extinguiram. Outras foram criadas. Porém, durante todo esse período, as máquinas e equipamentos nunca conseguiram substituir completamente a inteligência humana.
Realmente, tentar prever os fatos futuros de acordo com a História pregressa só funciona realmente quando se analisam eventos recorrentes, mas falha totalmente quando estamos diante de eventos totalmente inéditos.
A situação atual é complexa: haverá uma máquina “inteligente” que substituirá total e completamente a necessidade do fator humano no trabalho. A Inteligência Artificial, fundamentalmente, substitui o próprio processo cognitivo na execução do trabalho. E o faz de modo muito mais eficiente.
O fato é que a Inteligência Artificial trará uma “disrupção” absoluta. Sendo um pouco otimista, para cada 100 cargos que ela venha a extinguir, talvez 01 seja criado. Aliás, nem precisamos ir muito longe. Se relembrarmos três décadas atrás, veremos que profissões como “telefonistas”, “datilógrafos”, “digitadores”, “ascensoristas”, “agentes de viagens” e tantas outras já praticamente desapareceram.
As Big Techs, bem como os “unicórnios” de Inteligência Artificial decerto fazem de todo possível para apresentar um quadro “positivo”. Afinal, eles estão faturando alto, e não querem ser culpados pelos desastres sociais e econômicos que poderão advir.
Na Universidade de Oxford, em pesquisa realizada em 2013, pelos pesquisadores Carl B. Frey e Michael A. Osborne indicou que não menos que 47% dos empregos nos USA eram vulneráveis a “automação”. Dependendo da mistura de conhecimentos e habilidades que o trabalho demanda, alguns empregos podem ser mais “resistentes” que outros. [23]
No campo da própria competitividade, a Inteligência Artificial trará enorme crescimento na eficiência, produtividade e no faturamento das empresas que puderem utilizá-la amplamente. De outro lado, prejudicará profundamente aquelas empresas cujas atividades não puderem ser automatizadas. O diferencial e a concorrência ameaçam a se tornarem completamente desproporcionais.
Pesquisa realizada pelo Massachusetts Institute of Technology – MIT, já no longínquo ano de 2012, coordenada pelo pesquisador Andrew McAfee, revelou que a produtividade das empresas e a renda dos trabalhadores nos EUA cresceu quase paralelamente, até o ano de 1989, quando então se verifica uma paralização na renda, e um crescimento vertiginoso – quase vertical – da produtividade das empresas. Esse fenômeno foi chamado de “the great decoupling”.[24] O advento da Inteligência Artificial causará ainda maior distanciamento entre a produtividade e a renda.
Soluções paliativas como “Sistemas de Renda Universal” podem até ser cogitados, mas de onde sairá o dinheiro é um mistério que ninguém consegue resolver, afinal, os robôs e computadores não receberão “salários” e sequer pagarão “impostos”. Além disso, os valores pagos pela “Renda Universal” não conseguirão substituir os salários. E sem salários, como os trabalhadores vão conseguir se “reinventar” para tentarem novos empregos no mundo automatizado? Ademais, nem todos conseguem se transformar em “empreendedores”. E se enormes massas se transformarem em “empreendedores”, o próprio valor do serviço diminuirá.
Ao invés de simplesmente “distribuir dinheiro e torcer pelo melhor”, os governos terão de criar meios públicos e gratuitos de “treinar” os antigos trabalhadores em novas profissões, de modo que possam pelo menos ter uma chance na nova economia. Infelizmente, ninguém fala que, mesmo assim, haverá uma gigantesca oferta de mão-de-obra e poucas vagas, o que causará ainda maior queda nos salários.
O impacto da Inteligência Artificial no mundo do trabalho é bastante preocupante, e trará a necessidade de se repensar desde já as consequências sociais e econômicas da existência de cada vez menos empregos. É necessário repensar o próprio valor ético do trabalho. A importância de um emprego não pode mais ser definida meramente pelo seu “valor econômico”, mas principalmente por aquilo que traz em benefício para o indivíduo, e para a Sociedade.
Vamos adiante.
A guerra é um mal que assola a Humanidade desde seu nascimento. A despeito de todas as tentativas, nunca foi possível erradica-la, e seria acaciano imaginar que, por algum motivo miraculoso não ocorrerão guerras no futuro. Muito pelo contrário! Daí necessário observar rapidamente o impacto da Inteligência Artificial no campo militar.
O saudoso Prof. Stephen Hawking, em entrevista dada a rede londrina BBC em 2014, disse que: “o desenvolvimento da inteligência artificial total poderia significar o fim da raça humana”[25] O cientista se referia a utilização de Inteligência Artificial em armamentos, criando as “armas autônomas letais” (lethal autonomous weapons – LAW).
A Inteligência Artificial permite a existência de “Lethal Autonomous Weapons” (LAW), ou seja, uma espécie de sistema militar que pode procurar e destruir alvos independentemente de um controle humano. Esses “LAWs” se dividem em duas categorias básicas: sistemas de armas autônomos (AWS) e armas robóticas (RW, também chamados de “killer robots” ou “slaughterbots”). Tais armas podem operar em qualquer ambiente, e até no espaço interestelar. Essa tecnologia tem o potencial de contornar totalmente as convenções internacionais sobre guerra.
Realmente, o uso militar da Inteligência Artificial já está trazendo revoluções. Nações como a Rússia, China, Estados Unidos, Turquia e até alguns países do Oriente Médio, como Irã e Israel já estão bastante avançados nas pesquisas e utilização de “drones”, robôs e armamento dotados de Inteligência Artificial.[26]
Em 2020 foi registrado o primeiro uso de robôs autônomos em um conflito armado. Um “kamikaze drone” tipo “Kargu 2”[27], fabricado pela Turquia, procurou e atacou um alvo humano na Líbia. [28]
A Inteligência Artificial também pode ser utilizada para paralisar serviços públicos em território inimigo (os chamados “grey zone attacks”) de modo a fomentar desordem e insatisfação popular. Muitos estrategistas modernos entendem que os conflitos futuros tenderão para um mínimo de violência direta, centrando todos seus esforços em “ataques não-militares” (gray zone warfare), ou seja, ataques cibernéticos utilizando as redes de informação para impactar os serviços públicos vitais, para espalhar “fake news”, bem como “imagens” ou “vídeos” falsos criados por computação gráfica, com o objetivo de fomentar a desinformação, e com isso enfraquecer o inimigo dentro de seu próprio território, sem disparar um tiro sequer.[29]
Aviões de guerra sem pilotos, e “drones” dotados de Inteligência Artificial já estão sendo plenamente desenvolvidos e, em alguns casos, utilizados com enormes vantagens.[30] Um piloto humano em um caça de combate não pode fazer curvas em altíssima velocidade sem sofrer “desmaios” devido a problemas na circulação sanguínea. Um “piloto” de Inteligência Artificial está livre de tudo isso, sendo limitado apenas pela resistência do próprio equipamento.
É sempre necessário relembrar um fato pouco conhecido do público: em 26.09.1983, pouco após a meia-noite, os computadores de um silo de mísseis nucleares russo deram seguidos alertas indicando que mísseis norte-americanos haviam sido lançados em direção a antiga União Soviética. Todos entraram em prontidão máxima, porém um homem, o Tenente-Coronel Stanislav Petrov duvidou dos alertas, suspeitando serem erros de sistema. Ele tomou uma decisão e desobedeceu conscientemente a ordem de lançamento de mísseis. Posteriormente, foi confirmado que tudo não passou de um enorme “glitch” tecnológico. Esses fatos só vieram ao conhecimento do Ocidente após a queda da União Soviética, em 1991.
O fato é que a Terceira Guerra Mundial foi evitada apenas por causa da intuição de um homem. Tivesse sido a decisão deixada apenas às máquinas, ninguém estaria aqui para especular sobre o futuro.
É necessário refazer totalmente as leis de conflitos armados, de modo a restabelecer um mínimo de ética e equilíbrio, mesmo com o surgimento de novas tecnologias bélicas. Ninguém pode desejar um futuro onde as decisões militares não sejam mais feitas por seres humanos, sendo irrelevante quão avançada seja a Inteligência Artificial.
Por fim, sempre resta uma questão de natureza ética: poderia, no futuro, a Inteligência Artificial amplamente evoluída ser considerada uma nova “forma de vida”? O “cogito, ergo sum”, que por séculos definiu a própria identidade humana, também se aplicaria a uma Inteligência Artificial totalmente desenvolvida? Estaríamos criando um novo ser vivo, a nossa “imagem e semelhança”? Este ser teria “direitos” e “deveres”?
A definição de “vida” sempre foi, e ainda é, notoriamente, controversa. Se nos limitarmos a exigência de composição “celular”, então um vírus não seria uma forma de vida. Porém, os vírus estão aí, presentes, existindo, se reproduzindo e nos criando problemas. A Natureza costuma não se preocupar muito com nossas “definições” científicas.
Para não decairmos nas discussões estéreis, e afastando-nos das definições metafísicas, ficamos com a definição mais simples: vida é um processo eletroquímico autossustentável, capaz de evolução darwiniana e de cessação total.[31]
A vida é caracterizada pelo consumo e geração de energia por meios eletroquímicos. Também é capaz de agir, reagir e interagir com o ambiente. Dentro de limites, a vida também é capaz de restaurar a si mesma, e está sujeita aos mecanismos evolucionários, sofrendo mutações que levam a adaptações. Especialmente, a vida apresenta a capacidade de se reproduzir, bem como de cessar (morte). Assim, por ora, a Inteligência Artificial não poderia ser considerada uma forma de vida.
Contudo, é altamente provável que, em futuro próximo, a Humanidade comece a realizar “upgrades” em suas capacidades, com o implante de chips e outras formas de hardware, ampliando os sentidos, e as capacidades físicas e mentais. Nesse momento, teremos uma forma de vida bioeletromecânica, combinando elementos orgânicos e inorgânicos.
O astrônomo Seth Shostak, do SETI Institute, em recente artigo, previu que, antes do ano 2100, teremos desenvolvido a “Generalized Artificial Intelligence” (GAI), ou seja, máquinas capazes de efetuar qualquer atividade que requeira pensamento, e que o crescimento do conceito de “transhumanismo”[32] trará a criação de uma nova espécie, sucessora do Homo Sapiens, que provavelmente será tão diferente que se torne até mesmo irreconhecível para nós.[33]
A ideia de uma espécie que se transforma pela associação com a máquina não é novidade para a ficção científica. No romance 2001 – Uma Odisseia no Espaço, de 1967, o grande escritor inglês Arthur C. Clarke discorre o seguinte:
“Assim que suas máquinas ficaram melhores do que seus corpos, chegara a hora de mudar. Primeiro seus cérebros, depois apenas seus pensamentos, eles transferiram para novos lares reluzentes de metal. Neles, vagaram entre as estrelas. Eles não construíam mais espaçonaves. Eles eram as espaçonaves.
Mas a era das entidades-Máquinas passou rapidamente. Em seus incessantes experimentos, haviam aprendido a armazenar conhecimento na estrutura do próprio espaço, e a preservar seus pensamentos por toda a eternidade em redes congeladas de luz. Tornaram-se assim criaturas de radiação, finalmente livres da tirania da matéria.
Em pura energia, portanto, eles se transformaram … além do alcance do tempo.”[34]
Talvez, algum dia, se durarmos o suficiente, essas previsões se tornem plena realidade. Agora, contudo, estamos apenas diante de uma pura especulação, ainda que deveras interessante.
Conclusão
Existe tanto otimismo quanto pessimismo sobre a Inteligência Artificial. No primeiro grupo temos, principalmente, o pessoal ligado a área de tecnologia. No segundo, temos economistas, sociólogos, juristas, filósofos, sindicalistas, e diversas autoridades governamentais, dentre outros. Não há uma grande interação entre esses grupos. Porém, dependendo de com quem conversarmos, podemos sair convencidos tanto de uma, quanto de outra posição.
O fato inegável é que a Inteligência Artificial veio para ficar, e de nada adiantaria um neoludismo, com atos de sabotagem para se tentar “impedir” sua utilização. Ao contrário, atos desse tipo normalmente possuem efeitos totalmente contrários. Porém, é necessário raciocinar um pouco, ainda que disso advenha algum desconforto.
A Sociedade em geral está incerta quanto ao seu futuro próximo. Muitas das empresas e atividades que tanto marcaram o inédito crescimento dos padrões de vida no século XX se encontram hoje em papel secundário, quando não condenadas ao desaparecimento.
Embora seja sempre perigoso tentar fazer “previsões”, e sem a menor presunção de ver o futuro, a leitura dos fatos que estão acontecendo trazem algum otimismo, como também apontam a necessidade de cuidados especiais.
Se por ora os avanços na Inteligência Artificial ainda não foram capazes de causar graves efeitos na economia, o fato é que em breve os causarão, especialmente a partir de sua maior utilização em áreas diversas. Esse efeito será ainda mais ampliado, se nos lembrarmos que a Inteligência Artificial propiciará inovações complementares em inúmeras áreas.
Tanto os investimentos em Inteligência Artificial quanto as mudanças complementares são caras, difíceis de medir exatamente, e tomam um tempo para sua implementação. Isso fará com que, pelo menos inicialmente, sua aplicação venha a se dar de modo gradual. Porém, empreendedores e consumidores logo encontrarão novas aplicações ainda mais poderosas para as máquinas que possam aprender como reconhecer objetos, compreender a linguagem humana, falar, fazer predições acuradas, resolver problemas e interagir com o mundo com cada vez mais destreza e mobilidade.
Maiores avanços na tecnologia do “machine learning” provavelmente trarão alguns benefícios. Contudo, verificamos uma evidente inexistência de preocupação concreta com os efeitos da Inteligência Artificial nas áreas do trabalho e dos negócios, bem como na conservação da própria individualidade humana.
Dadas as grandes mudanças que a Inteligência Artificial causará na produção de bens de serviços, os modos tradicionais pelos quais o trabalho se organizou no passado dificilmente conseguirão persistir. Desse modo, é necessário repensar e atualizar os modos como a própria Economia se desenvolverá.
Os enormes valores de mercado rapidamente conseguidos, pelas empresas que desenvolvem Inteligência Artificial sugerem que os investidores acreditam que se trata de uma tecnologia com um valor real. Porém, o fato é que os efeitos negativos da Inteligência Artificial nos padrões de vida poderão ser maiores que os benefícios que os investidores esperam conseguir. Além disso, a maioria da população não vai colher diretamente os frutos econômicos da Inteligência Artificial.
Embora em termos potenciais a Inteligência Artificial possa apresentar muitos benefícios, em termos concretos essa constatação parece que não será instantânea. Na verdade, será necessário muito esforço para a adaptabilidade individual, organizacional e social, de modo a levar adiante as necessárias restruturações.
Necessário ainda falar sobre a mais que evidente perda da individualidade. Já verificamos uma voluntária, geral e impensada “cessão” de informações sobre todos os aspectos de nossas vidas (“redes sociais”), até mesmo aqueles mais íntimos (“banheiros inteligentes”) a controladores externos. Parece que estamos trilhando rapidamente o caminho para a sociedade mecanizada de Aldous Huxley.[35]
O próprio conceito de individualidade está em reconhecer a liberdade de todos os indivíduos em determinar sua existência. De expressar e ter opiniões próprias. De pensar e raciocinar por seus próprios meios. De ser livre o suficiente para dizer tanto “sim” quanto “não”. De se opor a qualquer “patrulhamento” ou “ditadura” ideológica. De criticar e ser criticado. De ter segredos.
Por toda a História vimos a ascensão de muitos regimes autoritários. Sem exceção, cada um deles fez promessas gloriosas às massas, e ao mesmo tempo “calaram” as vozes dos indivíduos que pensavam livremente. A Liberdade não consiste apenas em podermos ir e vir, mas também, e talvez principalmente, de pensarmos por nós mesmos e formarmos nossas próprias opiniões sobre o mundo.
Para sermos livres, temos que assumir a liberdade em todas as suas facetas, e com elas, todos os seus incômodos. A liberdade possui tanto ônus quanto bônus. Pretender assumir apenas um dos lados, sem assumir o outro, não é mais que um exercício do mais puro egoísmo.
Não costumamos dar muita importância a nossa própria Civilização. Embora não pareça, esse é um problema muito sério, pois significa que não reconhecemos o enorme valor que ela possui, e os verdadeiros milagres que já realizou.
A atualidade é marcada pelo espetáculo, como previu Guy Debord.[36] A aparência se tornou mais importante que a realidade. Uma gigantesca quantidade de inutilidades absolutas circula diariamente na frente de cada pessoa, turvando sua visão e atrapalhando seu raciocínio. As ondas hipócritas do “politicamente correto” seguem uma após a outra. E assim as pessoas são impedidas de realmente cogitar as questões de real e efetiva importância para nosso presente, para o futuro e para a própria existência.
As relações entre as pessoas são medidas em “imagens”. O mundo se inverteu, e a verdade se torna um momento excepcional dentro de uma constante falsidade, utilizada apenas para adornar objetos específicos, e com isso conferir-lhes “veracidade”, pretendendo assim demonstrar a racionalidade de todo o sistema. Como a razão pode competir com esse “oceano de irrelevâncias”?
A grandiosidade da questão faz com que seja urgente e necessária a implementação de princípios, normas e regras claras sobre a utilização da Inteligência Artificial em todos os campos da atividade humana. Não é sequer possível cogitar que a Sociedade, depois de tantas e constantes lutas por direitos e valores básicos, venha a ter esses mesmos direitos e valores prejudicados, ainda que minimamente, por esta sua novel criação.
A Humanidade não pode legar seu próprio destino a uma “criação” sua, por mais aparentemente “perfeita” seja. A verdadeira definição da dignidade humana está na capacidade de autodeterminação. Nunca podemos esquecer que a Inteligência Artificial deve ser uma ferramenta; um instrumento, um veículo para a prosperidade humana. Se em qualquer momento a Inteligência Artificial prejudicar ou falhar nesse desiderato, então caberá a nós decidirmos o seu destino, e não oposto.
Carlos Zangrando[37]
Advogado
[1] “Machine learning” (aprendizado de máquina) é uma forma especial de programação que permite a um computador aprender com sua própria experiência, e assim adaptar seu comportamento. “Deep learning” (aprendizado profundo) é uma modalidade de “machine learning” que treina computadores para realizar tarefas como seres humanos, o que inclui reconhecimento de fala, identificação de imagem e previsões.
[2] “The Terminator” – filme de longa metragem da Orion Pictures, lançado em 1984, dirigido pelo então novato James Cameron. O filme toca em questões muito queridas pela ficção científica, como “viagem no tempo”, “paradoxo temporal” e “inteligência artificial”. Basicamente, a Humanidade teria disso dominada por um sistema militar de defesa com inteligência artificial chamado Skynet, surgido de um projeto de segurança do governo norte-americano. Essa Skynet, quando ameaçada de desligamento, em uma tentativa de autopreservação, devastou a Humanidade com uma guerra nuclear. Os sobreviventes lutam contra robôs assassinos chamados “Terminators”, liderados por um homem chamado John Connor. A Skynet consegue construir uma “máquina do tempo”, e envia ao passado um robô disfarçado de “humano”, com a missão de assassinar aquela que seria a mãe do líder dos rebeldes humanos no futuro, impedindo assim seu nascimento e alterando a “linha do tempo”, criando uma realidade onde o líder não existiria. Bom roteiro para uma aventura, porém péssima ideia estratégica.
[3] https://www.popularmechanics.com/science/health/a13247/why-robot-legs-are-leading-to-better-human-prosthetics-17508401/
[4] https://www.mymed.com/latest-news/new-e-skin-could-equip-robots-and-human-prosthetics-with-a-sense-of-touch
[5] K.C. Santosh, Sameer Antani, D.S. Guru, Nilanjan Dey. Medical imaging : artificial intelligence, image recognition, and machine learning techniques. New York, NY, CRC Press, 2020. Disponível em: https://searchworks.stanford.edu/view/13805813
[6] https://recfaces.com/articles/ai-facial-recognition
[7] https://technologytimes.pk/2021/10/07/ai-based-care-robot-to-tackle-elderly-care-related-problems/
[8] https://www.wired.co.uk/article/deepmind-go-alphago-china-may-2017/
[9] Go ou Weiqi, é um jogo abstrato, com mais de 2500 anos de idade, jogado sobre um tabuleiro, utilizando pedras coloridas. O objetivo é circunscrever mais território que seu oponente, utilizando estratégias de movimento das peças.
[10] https://www.wired.co.uk/article/alphago-deepmind-google-wins-lee-sedol
[11] Vincent, James (27 November 2019). “Former Go champion beaten by DeepMind retires after declaring Inteligência Artificial invincible”. The Verge. Retrieved 28 November 2019.
[12] https://www.theguardian.com/technology/2016/mar/09/google-deepmind-alphago-ai-defeats-human-lee-sedol-first-game-go-contest
[13] Um “unicórnio”, no mundo da indústria da informática, é uma empresa que, em menos de cinco anos de existência, consegue ultrapassar o valor de mercado de um bilhão e dólares. O termo foi utilizado como metáfora, pela investidora Aileen Lee em artigo publicado em 2.11.2013 (https://techcrunch.com/2013/11/02/welcome-to-the-unicorn-club/), simbolizando a “raridade estatística de uma empresa de tamanho sucesso”. Um acontecimento que se igualaria a “encontrar um Unicórnio”.
[14] As “Big Techs” são as grandes empresas de tecnologia, multinacionais Norte-americanas de serviço online ou empresas de computadores e software, que dominam o setor desde os anos 2010, a saber: Microsoft, Google, Apple, Amazon e Facebook, cujos “valores de mercado” já ultrapassam a casa do “trilhão” de dólares norte-americanos cada uma, e que exercem uma predominância mundial, mudando comportamentos de bilhões e colocando em questionamento situações como a privacidade, o comportamento, a manipulação de dados pessoais e a influência nos mercados financeiros.
[15] https://fortune.com/2021/06/11/congress-targets-tech-giants-apple-google-amazon-and-facebook-in-new-series-of-antitrust-laws/
[16] https://www.nytimes.com/2018/07/08/business/china-surveillance-technology.html
[17] https://www.hippo.com/blog/smart-bathroom-technology
[18] https://kidshealth.org/en/parents/smart-toys.html
[19] https://time.com/5492063/artificial-intelligence-fertility/
[20] Bauman, Zygmund. Mal líquido: Vivendo num mundo sem alternativas Zahar Ed. RJ, 2019.
[21] https://www.linkedin.com/posts/kaifulee_within-the-next-15-years-40-50-of-jobs-activity-6447923438920306688-psQP/
[22] https://www.cnbc.com/2017/11/13/ex-google-china-president-a-i-to-obliterate-white-collar-jobs-first.html
[23] https://smartasset.com/checking-account/places-where-jobs-are-most-vulnerable-to-automation-2019
[24] https://www.nytimes.com/2012/12/12/opinion/global/jobs-productivity-and-the-great-decoupling.html
[25] https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2014/12/141202_hawking_inteligencia_pai
[26] https://www.nationaldefensemagazine.org/articles/2021/7/20/russia-expanding-fleet-of-ai-enabled-weapons https://defensereview.com/elbit-systems-assault-rifle-combat-application-system-arcas-revolutionary-combat-capability-for-infantry-warfighters/
[27] https://olhardigital.com.br/2021/06/02/ciencia-e-espaco/drone-autonomo-ataca-soldados-na-libia/
[28] https://www.newscientist.com/article/2278852-drones-may-have-attacked-humans-fully-autonomously-for-the-first-time/ https://www.foxnews.com/world/killer-drone-hunted-down-a-human-target-without-being-told-to
[29] Gerasimov, Valery. The Value of Science is in the Foresight. New Challenges Demand Rethinking the Forms and Methods of Carrying out Combat Operations. Military Review, January-February 2016. https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=&cad=rja&uact=8&ved=2ahUKEwjoyOiM2rT1AhXdlZUCHQyKCyYQFnoECAMQAQ&url=https%3A%2F%2Fwww.armyupress.army.mil%2Fportals%2F7%2Fmilitary-review%2Farchives%2Fenglish%2Fmilitaryreview_20160228_art008.pdf&usg=AOvVaw2k3fMtrIr76lZzSX_8Zm-z
[30] https://www.newyorker.com/magazine/2022/01/24/the-rise-of-ai-fighter-pilots/amp
[31] https://www.space.com/22210-life-definition-gerald-joyce-interview.html
[32] Transumanismo é um movimento intelectual que visa transformar a condição humana por intermédio da implementação e instalação, nos corpos humanos, de tecnologias capazes de aumentar consideravelmente as capacidades intelectuais, físicas e psicológicas humanas, erradicando doenças e o envelhecimento, dentre outros problemas.
[33] https://www.seti.org/seti-institute/news/could-be-humanitys-last-century
[34] Clarke, Arthur Charles. 2001 – Uma Odisseia no Espaço. Ed. Aleph. SP. 2013, p. 250/251.
[35] Aldous Huxley (1894-1963), um dos maiores escritores do século XX. Seu romance “Admirável Mundo Novo”, de 1932, revela um futuro no qual a tecnologia eliminou toda causa possível de sofrimento. Todos eram incapazes de expressar emoções, exceto o prazer. Não haviam mais famílias, nem comprometimentos, uma vez que emoções levavam a problemas. As crianças eram geradas por reprodução artificial e condicionadas desde a infância para uma vida de prazer, consumindo uma droga chamada “soma”, a qual impedia o stress causado pelas emoções. A sociedade controlava a tudo, e o conceito de “individualidade” não existia.
[36] DEBORD, Guy. La société du spectacle. Paris: Éditions Gallimard, 1992. p. 15.
[37] Carlos Zangrando. Advogado. Pós graduado em Direito do Trabalho e Direito Empresarial. Autor de diversos livros e de artigos, todos publicados. Membro do IBDSCJ – Instituto Brasileiro de Direito Social Cesarino Júnior; Membro do IBRET – Instituto Brasileiro de Relações de Emprego e Trabalho; Ex- Professor de Direito do Trabalho da Faculdade de Direito Cândido Mendes – Centro, no Rio de Janeiro, Professor do MBA da Fundação Getulio Vargas, Professor em Cursos de Pós-Graduação em Direito, Consultor Empresarial em Relações Trabalhistas e Corporativas.
7 novembro 2024
31 outubro 2024
28 outubro 2024
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